segunda-feira, outubro 31, 2005
Quando eu penso em nomes bons de dizer, lembro-me sempre dos telefonemas do Bart Simpson para o Bar do Moe:
Bart: "I would like to speak to Mr. Butts please, last name Seymoure."
Moe (shouting): "Is there a Butts in the house!?"
Moe (still shouting): "I Want a Seymoure Butts!!"
Bart: (a partir o côco a rir!!)
Samuel Alito
O Jorge desta vez nomeou um tipo com um Curriculum Vitae que agrade gregos e troianos, estudou em Princeton e em Yale, foi acessor de um Juiz Federal, Procurador Federal, depois foi para o Office of the Solicitor General (basicamente um gabinete que está encarregue de todo o contencioso federal do governo norte-americano) e depois Juiz no 3 circuit court of Appeals durante 15 anos.
Ao contrário da Harriet, ao Sammy não lhe falta experiência profissional.
Aparentemente a questão sai do âmbito da competência e entra no campo ideológico.
Parece que o Samuel defendeu a ideia que o aborto, a ser feito, precisava do consentimento do pai da criança. Chamam-no conservador por isso (a expressão na CNN foi "Solidly conservative Judge").
Pois é, onde é que já se viu... perguntar ao Pai da criança se concorda com a realização do aborto!
O contentor, peço desculpa, o corpo da mulher é soberano, mesmo que esta seja (trans)portadora de um fruto feito a dois, a decisão será sempre e só da dona e senhora do pacote, oops, do corpo.
Por falar nisso, gostava de chamar a atenção para o nosso conservador, ultrapassado e caquético Código Civil; num contrato de depósito, mesmo de coisa comum, o depositário não pode desfazer-se da coisa depositada sem o consentimento do depositante co-proprietário.
Não deixa de ser engraçado, considerar-se sinal de sofisticação valorizar mais as "coisas" que os bebés por nascer.
Vou ali no instante pôr o Samuel a chorar.
quinta-feira, outubro 27, 2005
Harriet Miers Withdraws Nomination
Harriet Miers withdrew this morning as a nominee for the U.S. Supreme Court.
In announcing the decision, Miers and President Bush cited their concern with the requests of members of the Senate Judiciary Committee for documents dealing with her work as White House counsel that the administration has chosen to withhold as privileged.
(...)
Harriet Miers era advogada do Jorge quando este ainda autografava condenações à morte no Texas. Parece que era advogada numa big (but local) law firm. Segundo se diz o seu mister respeitava a áreas convencionais e estaduais do direito americano, corporate litigation.
Quando o Jorge se mudou para DC a menina veio de atrelado e ficou advogada da casa branca. Ora, o Jójó, com certeza grato pela excelência dos serviços prestados, entendeu nomear a Harriet para uma posição mais prestigiante que a de mera Jurista da Casa Branca, algo mais estável, um cargo que não possa vir a ser afectado pelos sucessivos governos. Uma vez que o cargo de Juiz do Supremo nos EUA é vitalício, desta vez a resposta não demorou muito a assaltar-lhe o espírito.
Felizmente – e ao contrário dos tachos no nosso piqueno Portugal – o Supreme Court (SC) tem uma espécie de exame de admissão. As personalidades nomeadas pelo Presidente para pertencer ao painel de Juízes do SC têm de passar numa série de exames e entrevistas para poderem fazer parte do dito (ai se a CGD funcionasse assim…).
Sucede que a Harriet chumbou logo no primeiro questionnaire... mais, não entregou o segundo dentro do prazo (ontem) e não queria entregar ao SC documentos comprovativos da sua experiência nas áreas que interessam mais a este, nomeadamente direito constitucional. Parece que são documentos secretos que o Jorge quer esconder dos Juízes do SC porque estes podem ser uma pandilha de espiões disfarçados com becas.
No entanto a nomeação da Harriet teve o condão de trazer consenso entre os dois grandes partidos norte-americanos. Depois de dia 1 de Outubro Republicanos e Democratas encontravam atrito apenas no que respeita a dois pequenos conceitos: incompetente e ignorante.
O Jorge amuou e a Harriet bazou (pudera com os exames que ainda tinha pela frente… Safa!)
Sucede que a Harriet chumbou logo no primeiro questionnaire... mais, não entregou o segundo dentro do prazo (ontem) e não queria entregar ao SC documentos comprovativos da sua experiência nas áreas que interessam mais a este, nomeadamente direito constitucional. Parece que são documentos secretos que o Jorge quer esconder dos Juízes do SC porque estes podem ser uma pandilha de espiões disfarçados com becas.
No entanto a nomeação da Harriet teve o condão de trazer consenso entre os dois grandes partidos norte-americanos. Depois de dia 1 de Outubro Republicanos e Democratas encontravam atrito apenas no que respeita a dois pequenos conceitos: incompetente e ignorante.
O Jorge amuou e a Harriet bazou (pudera com os exames que ainda tinha pela frente… Safa!)
Viriato apoiaria a candidatura de José Maria Martins
Depois de ler o novo blog de apoio à candidatura de Manuel Alegre, O Quadrado, José Maria Martins já veio dizer, segundo fonte isenta e fidedigna, a D. Etelvina do R/C dto., que Viriato apoiaria a sua candidatura, caso estivesse vivo. Viriato, disse, pastor e caçador lendário que deu cabo do couro aos romanos na Península Ibérica, é bem melhor que a padeira de Aljubarrota e que a técnica do quadrado. Segundo José Maria Martins, se o Manuel Alegre tem a técnica do quadrado e a Padeira de Aljubarrota ele tem Viriato e a técnica de luta nas montanhas com fisga, muito útil para acertar na testa de Mário Soares enquanto ele dormita na campanha, o que acontece com frequência e o leva a pensar que aquilo que já aconteceu ainda está para acontecer . Também Francisco Louçã terá, em breve , um blog de apoio à sua candidatura, para o qual escreverá, com regularidade, Hugo Chavez. O blog de apoio à candidatura de Louçã chamar-se-à "I'm not a trotskyst but he sure kicks ass" e, ao invés da técnica do quadrado, ou da fisga alpina, terá a técnica do chavão permanente.
O peso de uma adolescência fecunda...
Your Kissing Purity Score: 9% Pure |
You're in a permanent lip lock. |
Kissing Purity Test
quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
"She sat down in order that we mind stand up"
Morreu, aos 92 anos de idade, Rosa Parks, a mulher, negra, americana que recusou ser tratada como uma cidadã de segunda categoria. Recusou sentar-se na parte de trás do autocarro e, brava e resolutamente, avançou para os lugares da frente reservados aos brancos nos autocarros do Alabama racista de 1950 .
For her act of defiance, Mrs. Parks was arrested, convicted of violating the segregation laws and fined $10, plus $4 in court fees. In response, blacks in Montgomery boycotted the buses for nearly 13 months while mounting a successful Supreme Court challenge to the Jim Crow law that enforced their second-class status on the public bus system.
The events that began on that bus in the winter of 1955 captivated the nation and transformed a 26-year-old preacher named Martin Luther King Jr. into a major civil rights leader. It was Dr. King, the new pastor of the Dexter Avenue Baptist Church in Montgomery, who was drafted to head the Montgomery Improvement Association, the organization formed to direct the nascent civil rights struggle.
Her act of civil disobedience, what seems a simple gesture of defiance so many years later, was in fact a dangerous, even reckless move in 1950's Alabama. In refusing to move, she risked legal sanction and perhaps even physical harm, but she also set into motion something far beyond the control of the city authorities. Mrs. Parks clarified for people far beyond Montgomery the cruelty and humiliation inherent in the laws and customs of segregation.
The events that began on that bus in the winter of 1955 captivated the nation and transformed a 26-year-old preacher named Martin Luther King Jr. into a major civil rights leader. It was Dr. King, the new pastor of the Dexter Avenue Baptist Church in Montgomery, who was drafted to head the Montgomery Improvement Association, the organization formed to direct the nascent civil rights struggle.
Her act of civil disobedience, what seems a simple gesture of defiance so many years later, was in fact a dangerous, even reckless move in 1950's Alabama. In refusing to move, she risked legal sanction and perhaps even physical harm, but she also set into motion something far beyond the control of the city authorities. Mrs. Parks clarified for people far beyond Montgomery the cruelty and humiliation inherent in the laws and customs of segregation.
Foi-se a mulher. Fica o legado. Que descanse em paz.
Gostar de Woody Allen é coisa de gente deprimida III
GA:The last time we spoke was at the release of Celebrity and I wondered if you felt that becoming very well known yourself has also been problematic for you - even here when we came in tonight there were lots of people who wanted to touch your clothes, get your autograph, just to see you, whatever.
WA:I don't like anybody touching my clothes. For me it was a problem when it first started. I've gotten much better at it, but it depends on one's natural personality. I have colleagues - other comedians I know, that started with me, and were very graceful about it right from the start. The minute they went on television and got known they could walk down the street and they enjoyed the acclaim and they could walk into a restaurant and people would clap and they would like it. I CRINGED. I had a very tough time with it, and I've gotten much better at it over the years, but it's not something that came natural to me. I was a writer, and when one chooses to be a writer, psychologically there's a reason for that because you like the isolation and you like to be by yourself and you are by nature timid. And so I had a tough time with that and I've gotten better at it but it's not my strong suit at all.
Entrevista de Woody Allen ao The Guardian/NFT
O Woody Allen não gosta de ser celébre. Não gosta que lhe toquem na roupa e que batam palmas quando entra nos restaurantes. Nem eu. Era chato. Mas felizmente nunca ninguém me fez isso. E passa o Manhattan no Hollywood por estes dias, e o Jurassic Park e um dos trezentos filmes que se chamam Rambo. Há de tudo. O Manhattan é, obviamente, muito melhor que o Celebridades. Embora o Celebridades tenha momentos e o Leo Dicaprio e um cameo do Mark Vander Loo. O Kenneth Branagh, no Celebrity, faz lembrar um Woody Allen depois de um AVC. Foi de propósito, bem sei. O Woody Allen já não tinha idade para o papel principal, por mais que o maquilhassem ficava sempre forçado fazer um personagem de quarenta anos. E ainda mais tendo como interesse romântico a Famke Jamsen (raio de nome). A Famke (Bonnie) atira o manuscrito do Kenneth (Lee) ao rio, original sem cópias do livro que lhe levou a vida inteira a escrever e que seria, supostamente, a sua obra prima. Irrecuperável. A coisa mais importante da vida dele. Teoria da retribuição. Lei de Talião. Atira o manuscrito com ele a ver. Atira-o quando descobre que ele a traiu com a desenxabida da Winona Ryder. O Celebrity vale, entre muitas outras coisas, por ter a mais perversa vingança feminina motivada por dor de corno da história do cinema.
quinta-feira, outubro 20, 2005
A coutada da septuagenária latina
Às pressas para tirar aquelas que seriam as piores fotografias de que tenho memória e que irão figurar no meu cartão de identificação profissional para todo o sempre, oiço os comentários de uma septuagenária à fotografia de Cristiano Ronaldo na capa da Men's Health:
- Ai este desgraçado! Andam todas atrás dele. Não admira, olhem para isto! Até parece que era preciso violar alguém. Isto é que era uma noite bem passada! Não era menina?
Pois, JFR, não é só o macho latino que tem coutada ( fazendo uso do teu título e daquele acórdão de má memória), também a tem a septuagenária latina e de pleno direito.
- Ai este desgraçado! Andam todas atrás dele. Não admira, olhem para isto! Até parece que era preciso violar alguém. Isto é que era uma noite bem passada! Não era menina?
Pois, JFR, não é só o macho latino que tem coutada ( fazendo uso do teu título e daquele acórdão de má memória), também a tem a septuagenária latina e de pleno direito.
quarta-feira, outubro 19, 2005
Conselho a um amigo que não gosta de perder tempo:
Não estudes só a jurisprudência dos tribunais, estuda também a "jurisprudência" das secretarias.
terça-feira, outubro 18, 2005
Don't get me wrong
Não me estava a queixar dos 95%, o que me chateia verdadeiramente são os parcos 5%!
Com uma diferença horária de -5 horas estas são algumas das coisas que me assolam o espírito...
Com uma diferença horária de -5 horas estas são algumas das coisas que me assolam o espírito...
Não deixa de ser curioso...
... que por essa blogosfera portuguesa fora apenas 5% dos posts sejam escritos em horário pós-laboral.
Será que a proliferação de blogs está directamente relacionada com a diminuição galopante da produtividade nacional?
segunda-feira, outubro 17, 2005
Rumores (confirmados pela D.Gertrudes e pelo senhor do guichet da Cinemateca)
Dylan tem Scorcese. Cobain tem Gus Van Sant. Ray Charles tem Taylor Hackford. Morrison e os The Doors tiveram Oliver Stone. Em Portugal, os Delfins têm Manoel de Oliveira. Manoel de Oliveira foi o realizador escolhido para filmar a história da mítica banda e do seu carismático líder Miguel Ângelo. Sobre o realizador português escreve-se "são característicos os longos planos sequência, não entendidos pelos espectadores, que o punem, porque não estão preparados para se envolverem, ou não se deixam envolver numa teia de relações que só faz sentido no seu todo." Também a música dos Delfins não tem sido totalmente entendida, os longos uivos de Miguel ângelo mal recebidos pelos que o ouvem, porque mal preparados para o escutarem, e as letras devem ser compreendidas no seu todo. A total falta de sentido é apenas aparente. A escolha de Manoel de Oliveira era óbvia. Também Pedro Granger foi uma escolha óbvia, partilha o mesmo gosto pela água oxigenada e o mesmo olhar profundo e lânguido de Miguel ângelo. O filme "Nasci selvagem" não tem ainda data de estreia.
Na calha está também a biopic de Toy. Após a recusa de Manoel de Oliveira (ocupado com o projecto dos Delfins" e de Pedro Abrunhosa ( músico e cantor por acidente e negligência grosseira dos portugueses que compraram os seus discos, que depois de um auspicioso início de carreira na "reverse advertising" - aquela que leva os consumidores a não comprarem os produtos- planeia agora lançar-se na realização) , o realizador mais provável será Michael Moore. Hábil no manejo da câmara que filma a tragédia e o horror, pretende utilizar a mesma técnica especialmente para os segmentos ao vivo do filme. O papel principal vai ser interpretado pelo Fernando Pereira, que já se encontra, intervalando as imitações da tina turner, a treinar afincadamente a sua voz para atingir a amplitude vocal de Toy.
A linha ténue
Passar pela sede da candidatura às Presidenciais de José Maria Martins e pensar que os gajos do Inimigo Público têm tantos meios que "aquilo que não aconteceu mas poderia ter acontecido" até já esbarra connosco na rua.
sexta-feira, outubro 14, 2005
Giro giro foi o Reininho a dançar agarrado à coluna!
Eles cumpriram. Bela festarola !Pena foi o FMS ter passado os Kaiser Chiefs e o "Everyday I love you less and less" exactamente na altura em que eu me estava a ir embora (cedo porque sexta-feira é dia útil). Ainda dei uns pulinhos à porta.
quinta-feira, outubro 13, 2005
quarta-feira, outubro 12, 2005
Novo Pitagórico
A partir de hoje, à lista de Pitagóricos junta-se mais um nome.
Bruno Arteiro Coutinho (BAC).
Prosseguindo a nossa estratégia de deslocalização iniciada com o nosso correspondente em Washington (AMJ), junta-se-nos um correspondente do grande Porto.
Aguardamos a qualquer momento, e de acordo com a mesma estratégia, a entrada de correspondentes do Laos, Burkina-Faso, Vietname e Trinidade e Tobago.
Depois do Porto, Lisboa e EUA, o resto do mundo.
Em nome de todos, desejo-lhe uma prazenteira e longa estadia chez nous!
Sê muito bem-vindo!
terça-feira, outubro 11, 2005
Por falar em D. Sebastiões...
Há um ou outro moçoilo que já podia regressar à sua primeira casa, que isto de dormir em casa de amigos todas as noites só pode significar farra a mais.
Bem, por esta passa... mas depois faz favor de passar um fim-de-semana comprido em casa!
Bem sei que as opiniões contam pouco e que votos é coisa que a blogosfera não precisa (os óscares ainda vão longe), mas nos meus favorites o quinto está uns lugares acima dest'outro, mais que não seja por direitos adquiridos!
Azarucho. Já disse.
What Advanced Degree Should You Get?
Será que as certezas se pegam? Melhor, será que nos convencem a nós e ao mundo?
You Should Get a JD (Juris Doctor) |
Carnegie Hall – Uma casa Portuguesa…
A chuva parou para ouvir a Marisa (en)cantar no Carnegie Hall.
Mas devo confessar que até 6ª feira à noite, a elegância natural, o gingar das ancas (bonitas por sinal) e a forma muito própria de estar no fado da cantora loira nascida em Moçambique e criada na Mouraria nunca me convenceram.
Ainda que defendesse a renovação do fado, preconizado pela fadista, a verdade é que na minha cabeça ainda se mantinha o bastião do fado na tertúlia de uma tasca, cantado pelo talhante e pela florista da esquina; em que o fadista é elogiado e desafiado pela audiência nos “Ah boca linda!”, “Ai garganta de oiro” ou nos “Puxa!” ou “Acredita!”, já para não falar nos “trai-lai-lai”…
Pois é, a verdade é que queria ver a sala mais do que o espectáculo.
Habituado à Gulbenkian e acusando a reputação da sala, cheguei a horas.
Afinal não é assim que se faz por estas bandas, os meus confrades emigras chegavam em magotes de 15, vestidos de baile a cheirar a naftalina e ostentando, quais condecorações presidenciais, as gravatas de domingo e os collants de casamento.
O atraso até nem era muito grave, mas os “arrumadores” não faziam ideia que o fado, antes de morrer na garganta, respira fundo e solta o mais belo e arrepiante canto, qual cisne ferido de morte.
Por não saberem era vê-las: famílias inteiras num chilrear de fios, cruzes, correntes e pulseiras com “Vítor” gravado a prata, a entrar em jeito de procissão, interrompendo a estocada final, ruminando o luto de um fado caído mas ainda não derrotado.
No meio do movimento do gado destacava-se uma voz, um orgulhoso lamento de uma vida sofrida... mas quando as costas peludas do Sr. Silva se afastavam e o palco deixava de ser uma miragem, a voz não combinava com a figura que via.
Mas devo confessar que até 6ª feira à noite, a elegância natural, o gingar das ancas (bonitas por sinal) e a forma muito própria de estar no fado da cantora loira nascida em Moçambique e criada na Mouraria nunca me convenceram.
Ainda que defendesse a renovação do fado, preconizado pela fadista, a verdade é que na minha cabeça ainda se mantinha o bastião do fado na tertúlia de uma tasca, cantado pelo talhante e pela florista da esquina; em que o fadista é elogiado e desafiado pela audiência nos “Ah boca linda!”, “Ai garganta de oiro” ou nos “Puxa!” ou “Acredita!”, já para não falar nos “trai-lai-lai”…
Pois é, a verdade é que queria ver a sala mais do que o espectáculo.
Habituado à Gulbenkian e acusando a reputação da sala, cheguei a horas.
Afinal não é assim que se faz por estas bandas, os meus confrades emigras chegavam em magotes de 15, vestidos de baile a cheirar a naftalina e ostentando, quais condecorações presidenciais, as gravatas de domingo e os collants de casamento.
O atraso até nem era muito grave, mas os “arrumadores” não faziam ideia que o fado, antes de morrer na garganta, respira fundo e solta o mais belo e arrepiante canto, qual cisne ferido de morte.
Por não saberem era vê-las: famílias inteiras num chilrear de fios, cruzes, correntes e pulseiras com “Vítor” gravado a prata, a entrar em jeito de procissão, interrompendo a estocada final, ruminando o luto de um fado caído mas ainda não derrotado.
No meio do movimento do gado destacava-se uma voz, um orgulhoso lamento de uma vida sofrida... mas quando as costas peludas do Sr. Silva se afastavam e o palco deixava de ser uma miragem, a voz não combinava com a figura que via.
A imagem que Marisa transparece não encaixa com o sentimento que veste, quem já a viu sabe o que digo, ela não se encolhe atrás da guitarra, antes a desafia e seduz com o balançar das ancas, como que a convidando a perder as peneiras e tomá-la de assalto.
Quando o público já estava rendido, a fadista invoca Maria Callas, desliga o som e canta sem muletas, uma voz e uma guitarra encheram a sala. E eu, lá em cima no galinheiro, no equivalente a um 7º andar, não só ouvia como me deliciava!
No final tive pena. Pena pela iniciativa não ter sido apoiada pelo estado português, nem uma palavra da embaixada, nem uma referência a uma qualquer fundação lusa… nada. A quem devo a minha noite de 6ª feira é ao World Music Institute e ao (meu) Bank of America.
Quando o público já estava rendido, a fadista invoca Maria Callas, desliga o som e canta sem muletas, uma voz e uma guitarra encheram a sala. E eu, lá em cima no galinheiro, no equivalente a um 7º andar, não só ouvia como me deliciava!
No final tive pena. Pena pela iniciativa não ter sido apoiada pelo estado português, nem uma palavra da embaixada, nem uma referência a uma qualquer fundação lusa… nada. A quem devo a minha noite de 6ª feira é ao World Music Institute e ao (meu) Bank of America.
Aproveito apenas para dizer que fazendo jus à minha (agora) mundialmente conhecida impulsividade, gritei um “ACREDITA!” durante um silêncio dramático do fado “Uma casa portuguesa”… afinal o meu bastião mantém-se, o fado só faz sentido se for sentido, se assim for, todo o palco - até o Carnegie Hall na big apple - mais não é que uma casa de Fados da Mouraria.
segunda-feira, outubro 10, 2005
Best of Autárquicas 2005: os premiados!
Prémio Pitágoras "Party Crasher" 2005
"The party's go"
Alberto João Jardim, "o poliglota" , querendo dizer "a festa acabou".
Prémio Pitágoras "Quando é que começam as inscrições para o próximo Big Brother?" 2005
"É o cacique da comunicação social contra o povo."
Avelino Ferreira Torres , candidato derrotado à Câmara Municipal de Amarante
Prémio Pitágoras "O meu partido só tem uma candidata acusada de peculato e isso é uma média muito boa"
"Estamos contentes por Avelino Ferreira Torres não ter ganho"
Ana Drago
Prémio Pitágoras "Hay que tener-los e o Marques Mendes não os tem" 2005
"Aqui não manda um zé ninguém qualquer"
Valentim Loureiro, candidato independente eleito em Gondomar, no discurso da vitória.
Prémio Pitágoras " Sou eu e a pomba gira" 2005
"Eu leio os vossos pensamentos"
Miguel Sousa Tavares, comentador da TVI, em troca de galhardetes com a Manela e a Constança
Prémio "Tenho uma dívida externa maior que a do Burundi" 2005
"O PSD é credor das minhas felicitações."
José Sócrates, Primeiro Ministro, devedor
Prémio "Tu podes ter Lisboa mas eu tenho a Bárbara"2005
"Quero agradecer à Bárbara."
Manuel Maria Carrilho, candidato do PS derrotado à Câmara Municipal de Lisboa
"The party's go"
Alberto João Jardim, "o poliglota" , querendo dizer "a festa acabou".
Prémio Pitágoras "Quando é que começam as inscrições para o próximo Big Brother?" 2005
"É o cacique da comunicação social contra o povo."
Avelino Ferreira Torres , candidato derrotado à Câmara Municipal de Amarante
Prémio Pitágoras "O meu partido só tem uma candidata acusada de peculato e isso é uma média muito boa"
"Estamos contentes por Avelino Ferreira Torres não ter ganho"
Ana Drago
Prémio Pitágoras "Hay que tener-los e o Marques Mendes não os tem" 2005
"Aqui não manda um zé ninguém qualquer"
Valentim Loureiro, candidato independente eleito em Gondomar, no discurso da vitória.
Prémio Pitágoras " Sou eu e a pomba gira" 2005
"Eu leio os vossos pensamentos"
Miguel Sousa Tavares, comentador da TVI, em troca de galhardetes com a Manela e a Constança
Prémio "Tenho uma dívida externa maior que a do Burundi" 2005
"O PSD é credor das minhas felicitações."
José Sócrates, Primeiro Ministro, devedor
Prémio "Tu podes ter Lisboa mas eu tenho a Bárbara"2005
"Quero agradecer à Bárbara."
Manuel Maria Carrilho, candidato do PS derrotado à Câmara Municipal de Lisboa
sexta-feira, outubro 07, 2005
quinta-feira, outubro 06, 2005
Leitura obrigatória sobre leituras dispensáveis
"Couves & Alforrecas" (para ler do princípio ao fim), no excelente Esplanar.
JPG, admiro-lhe a perseverança...não admira que ela tenha "despertado o masoquista" que há em si!
quarta-feira, outubro 05, 2005
Tuga Beauty
(imagens via Autárquicas em Cartaz)
Pensava que o panorama autárquico era desolador. Entre trocas de insultos, Rui Rio apupado (forma soft core de dizer que lhe chamaram filho da ......), processos crime, a aparição de Fátima, o Valentim a pregar às crianças, candidatos birrentos e ordinários que não apertam a mão aos adversários e aquele senhor de Alcobaça preocupado com o chichi no mosteiro, pensava eu (e estava redondamente enganada) que o panorama não podia ser melhor.
Eis que descubro que, a avaliar pelos cartazes, há lufadas de ar fresco que, um pouco por todo o país, vão surgindo.
Senão, vejamos:
Em Matosinhos, a CDU tem uma candidata que por ter tão vincadas posições em relação ao teste de cosméticos em animais, posou para a fotografia dando, literalmente, a cara ao manifesto. Nem uma sombra de maquilhagem se vislumbra naquele semblante de mulher de grandes ideais. Nem shampô nem amaciador nem pente passaram por aquele cabelo. Fiel às suas arreigadas convicções no que respeita à indústria de cosméticos posou ao natural para a foto de campanha, acabada de acordar e depois de ter dado banho aos doze cães vadios que alberga em sua casa.
Na Aldeia de Valverde, o PS e a Junta de Freguesia de Tourega fazem promessas a sério aos seus "concidadões", até ao final do ano há um forno naquele local para os bolos e assados. Ex libris da Aldeia de Valverde, os assados da D. Joaquina vão ter, finalmente um forno a preceito onde podem ser cozinhados. Espera-se, na Aldeia de Valverde, um aumento significativo do turismo.
Em Faro, o sol põe-se, romanticamente, mas este senhor não se põe. Antes levanta as mãos ao alto como quem pergunta: "Mas o que raio estou eu aqui a fazer?".
Em Porto de Mós temos candidata. Apoiada pelo PP e pelo Charlton Heston (Presidente da National Rifle Association que pretende instalar uma sucursal em Porto de Mós em breve), esta mulher de armas e de força tem o que é preciso para fazer de Porto de Mós (a Joanesburgo portuguesa) um lugar mais seguro.
Em Matosinhos, a CDU tem uma candidata que por ter tão vincadas posições em relação ao teste de cosméticos em animais, posou para a fotografia dando, literalmente, a cara ao manifesto. Nem uma sombra de maquilhagem se vislumbra naquele semblante de mulher de grandes ideais. Nem shampô nem amaciador nem pente passaram por aquele cabelo. Fiel às suas arreigadas convicções no que respeita à indústria de cosméticos posou ao natural para a foto de campanha, acabada de acordar e depois de ter dado banho aos doze cães vadios que alberga em sua casa.
Na Aldeia de Valverde, o PS e a Junta de Freguesia de Tourega fazem promessas a sério aos seus "concidadões", até ao final do ano há um forno naquele local para os bolos e assados. Ex libris da Aldeia de Valverde, os assados da D. Joaquina vão ter, finalmente um forno a preceito onde podem ser cozinhados. Espera-se, na Aldeia de Valverde, um aumento significativo do turismo.
Em Faro, o sol põe-se, romanticamente, mas este senhor não se põe. Antes levanta as mãos ao alto como quem pergunta: "Mas o que raio estou eu aqui a fazer?".
Em Porto de Mós temos candidata. Apoiada pelo PP e pelo Charlton Heston (Presidente da National Rifle Association que pretende instalar uma sucursal em Porto de Mós em breve), esta mulher de armas e de força tem o que é preciso para fazer de Porto de Mós (a Joanesburgo portuguesa) um lugar mais seguro.
Mas ela sabia que ia comer medalhões...
O mito: O povo português gosta é de comer e em Portugal come-se bem e barato.
A prova de que o mito não é mito:
Jornalista: Então a senhora está aqui porquê?
Pretensa militante/apoiante (algo confusa entre uma garfada e outra): Pelo Partido. Ai, como é que se chama? Sim... PSD!
A conclusão: O povo português gosta é de comer e em Portugal come-se bem e barato, especialmente por altura das eleições autárquicas.
Dai de comer ao povo!
Num jantar-comício (é escusado referir o partido, até porque a caricata cena e as gastronómicas motivações devem repetir-se, sem olhar a cor partidária, um pouco por todo o país) , jornalista entrevista pretensa militante/apoiante:
Jornalista: Então porque é que está aqui?
Pretensa militante/apoiante: Ora, porque tenho fome!
Seguiu-se, na peça jornalística, a descrição da ementa.
O povo não tem fome de poder, tem "fome de comida", vota no melhor menu.