quinta-feira, maio 05, 2005

Paracuca é com ginguba

Recordei, quando li as Notas sobre Angola do Rodrigo, as tardes passadas a comer paracuca quando era miúda, mas desta feita, e porque não fazia dessas coisas em tempos idos, sem cerveja.
Pois, Rodrigo, paracuca é com ginguba, vulgo amendoim.
Não se trata do fruto de uma árvore africana exótica ainda por catalogar ou descobrir. É bem menos insondável.
Nothing but the plain, old, simple peanuts…
Nasci em Angola, mas desde já adianto que nunca ouvi tal explicação, essa de que a para-cuca é uma homenagem à cerveja cuca...Já se fazia e comia nos tempos da minha avó e não sei se já havia a tal cerveja.
O meu desenraizamento progressivo talvez não me permita duvidar da sabedoria dos que por ainda lá estão, mas arrisco o palpite de que a explicação tenha sido, digamos, e fazendo jus ao “joie de vivre” do angolano típico, inventada na hora...
E se lhe perguntassem se queria ginguba o que diria? Diria que sim, com certeza.
Ginguba é o mesmo que amendoim. Assim como geleira é o mesmo que frigorífico e maka é um problema e kamba é amigo.
Assim como machimbombo é o mesmo que autocarro e gindungo o mesmo, ou quase, que piri-piri.
Aqui, cautelas são necessárias para os não autóctones, o gindungo é mesmo fogo!
Também eu tenho saudades.
As minhas memórias têm cheiro e sabor.
O cheiro absolutamente inconfundível de Angola e daquela terra cor de fogo.
E o sabor da paracuca, com ginguba.