quinta-feira, setembro 15, 2005

O sábado dos grunhos

Sem links para o covil (covis) das bestas, porque isto não é tempo de antena, cá vai, 'cause I just need to say it!
Uma das já costumeiras (o facto de esta ser a segunda em tão curto espaço de tempo já me deixa os nervos em frangalhos) manifestações dos descerebrados da extrema direita vai ter lugar no próximo sábado.
Desta feita não vai ser, embora todas o sejam residualmente, uma manifestação racista, mas uma manifestação homofóbica.
Esta gentalha (perdoem-me a compulsão para o insulto) que, como todas as pessoas más, infelizes e ignorantes, tem especial tendência para aglutinar todo e qualquer tipo de preconceitos (racistas, homofóbicos, anti-semitas, sexistas) decidiu agora preocupar-se com um programa televisivo onde um grupo de homens gays muda a imagem de um homem hetero.
(Diga-se, a propósito, que o que está aqui em causa, ao contrário do já ouvi muito boa gente com pouquissimo ar grunho dizer, não é a imagem da comunidade gay, nem tão pouco o aumentar de preconceitos já latentes em machos sensíveis. Para aqueles que acham a virilidade é uma porra (pardon my french) de uma instituição e vêm agora deitar as mãos à cabeça porque, coitadinhos dos gays, vão ter a imagem danificada por se fazer um programa de televisão de gosto duvidoso, duvidoso sim, mas como tantos outros do género, fica a dica: ninguém se torna militantemente homofóbico por ver homens com ar efeminado na televisão; quem comenta e diz à "Maria para ir buscar a cerveja que já está a dar a "panascada" fá-lo-ia com ou sem programa da sic, à hora do almoço com os amigalhaços enquanto manda a piadola homofóbica do costume, sem necessidade de quaisquer intervenções de nenhum esquadrão gay ou de outro tipo. Da mesma forma que nenhum skinhead se redime por ver o american history X. Da mesma forma que ninguém se torna racista por ver programas sobre a vida do hitler e a solução final. Desenganem-se. Quem sabe diferenciar sabê-lo-á sempre e não fará interpretações extensivas bacocas. Até porque é perfeitamente irrelevante para a análise do carácter de alguém o ser-se mais ou menos efeminado. Ou pintar o cabelo de cor de rosa. Ou usar correntes. Em liberdade cada um se exprime como entender, por mais que a parada gay e o esquadrão gay belisquem a instituição da virilidade. Não olhem. Desliguem a televisão. Whatever!)
Voltando aos grunhos cujas descebradas cabeças se vão juntar no sábado em mais um festim de alarvidades e cujo partido âncora só ainda não foi considerado inconstitucional por pura inércia, concordo com o Boss, são poucos (embora secundados nas suas opiniões por muita gente) e só querem é ser entrevistados pelos jornalistas enquanto vomitam impropérios.
Quando falamos de extrema-direita em Portugal nunca devemos esquecer que falamos apenas de meia dúzia de grunhos, não mais. Tão só meia dúzia que nem foram capazes nunca de reunir assinaturas suficientes para criarem o seu próprio partido, tiveram que invadir um outro moribundo, e apropriarem-se dele. Este cenário é comum a outros países, onde a extrema-direita é não só residual, como completamente marginalizada pela comunicação social e opinião pública, e quase sempre associada a actividades criminosas. No entanto sabemos que muitas das suas reivindicações-bandeira são apoiadas por percentagens não desprezáveis da população, percentagens essas que correspondem ao seu potencial de crescimento. Para o mesmo se verificar a extrema-direita necessita apenas de uma coisa: visibilidade.
O facto é que cada vez que me tento convencer de que são poucos e irrelevantes, há duas coisas que me perturbam seriamente: o PNR como partido elegível e uma desgraçada noite no Bairro Alto há alguns anos atrás.