terça-feira, julho 19, 2005

Pedi a 2ª via do meu teste psicotécnico II

(Porque a ora signatária acredita nos benefícios da auto-crítica, que não prejudica o orgulho de classe nem o sentimento de pertença à mesma, antes o engrandece. )

Escrita escorreita, todavia nebulosa. Devidamente nebulosa. Forte indício de que o escriba é advogado. Diz o Pedro.
A propósito de algo que eu escrevi, num comentário ao post "Esquizo", neste blog.
Acredito que escrever de forma escorreita mas sem esquecer que, adequadamente ao fim que nos propomos, ser escorreito e ser claro são coisas que se relacionam apenas por antonomásia, é ensinado no segundo ano de faculdade.
Ser nebuloso é um es muss sein.
Se acontecesse um cataclismo que evidenciasse as necessidades mais básicas, ninguém quereria constituir uma sociedade comercial, penhorar um imóvel, anular uma deliberação social ou fazer uma partilha.
Médicos e engenheiros e até filósofos teriam maior utilidade.
Alimentamo-nos da construída artificialidade das instituições que cremos e dizemos aos outros serem úteis, da burocracia que dizemos ser entrave mas que aumenta as nossas horas facturáveis, da esquizofrenia legiferante que tudo complica e nos dá mais razão de ser, do verdadeiramente kafkiano que é ser arguido em Portugal (sem exagero algum), do desgastante que é explicar ao interessado o que raio se passa naquele processo que, inexplicavelmente, se arrasta há meia dúzia de anos.
Experimentem explicar a uma criança de seis anos o que faz exactamente um advogado. Em jeito de resposta, digo sempre qualquer coisa escorreita, mas devidamente nebulosa.
Ser nebuloso, para estes efeitos, o que por absoluta necessidade de patrocínio se concede, é um es muss sein da profissão.