sexta-feira, abril 22, 2005

Ainda os adolescentes

Aqui, Aqui e Aqui falava-se de Natalie Portman e dos seus potencialmente perigosos encantos aos verdes catorze anos.
Pois, Natalie está para os homens como River Phoenix está (infelizmente já não entre nós) para as mulheres.
O fascínio platónico, (acautelem-se os histerismos) pelos impúberes ou barelly púberes ultrapassa, naturalmente, as fronteiras do género, e dos círculos de bloggers trintões...
Tal como Natalie, River Phoenix era muito atraente aos catorze, e aos quinze e aos dezasseis, e por aí em diante, até ao trágico final.
Falamos de uma abstracção, fantasiosa, que só faz sentido enquanto longe de qualquer possibilidade de concretização. Existe porque a beleza existe. E porque os homens e as mulheres não são indiferentes a ela, independentemente da censura moral ou de molduras penais. É o render-se perante o óbvio. As fantasias não são, fora de cenários tendencialmente orwelianos, dignas de tutela penal.
Por isso é que não se pode falar de Lolita.
É um fenómeno assaz diferente. Embora não fossem poucos os editoriais que classificavam Portman como uma Lolita, especialmente depois de Leon, o Profissional, o fascínio desencadeado pela, na altura, muito jovem actriz, andava longe do terreno mais pantanoso do imaginário de Nabokov. Assim seria, pelo menos na generalidade dos casos.
Mas nem o cinema está preparado para pensar em meninas precoces que seduzem homens de cinquenta anos. Lolita, o filme com Jeremy Irons, foi alvo de enormes críticas e censura nos EUA aquando da sua estreia.
Concordo que existe mesmo o tal “abismo entre a atracção e a imaginação sexual e qualquer comportamento «impróprio»” de que fala P.M.
Mais uma vez, River era mesmo muito atraente aos catorze, quinze e dezasseis anos. E a consciência não me dói enquanto escrevo isto.