quarta-feira, abril 19, 2006

Memória fúnebre

Hoje, há exactamente 500 anos atrás, a zona do rossio até à praça do comércio transformou-se num autêntico inferno. 4000 mil almas foram queimadas em nome de uma fé.
Hoje chamamos-lhe fundamentalismo quando vemos a mesma demonstração de ignorância cega nas acções dos ditos talibãs, mas há 500 anos atrás padecemos do mesmo mal.
O Nuno Guerreiro lançou o desafio, uma vela por cada alma. Em nome da memória. Em nome dos laços que a memória cria. Em nome de cada um dos portugueses queimados.
O desafio não incluía nenhuma menção a expiação ou penitência, o importante era lembrar aqueles que morreram pela sua fé. João Paulo II já pediu perdão em nosso nome (falo enquanto católico), não nos precisamos de "preocupar" com isso. Mas o facto de não sentirmos esse peso sobre os ombros não quer dizer que não o reconheçamos e lembremos.
Fossem eles católicos e seriam mártires, mas como - infelizmente - o povo judeu tem sido fustigado por agressões do mesmo tipo desde há muitos e longos séculos, não se podem dar ao luxo de os martirizar a todos. Em contrapartida homenageiam-nos com a sua memória e pela sua memória.

Eu vou acender a minha vela, quiçá por um tio, primo ou avô que não cheguei a ter.