terça-feira, março 08, 2005

Impressões

Não percebo nada de vinhos. Nada mesmo. Às vezes bebo devagar demais, outras vezes de um trago.
Também não percebo nada de homens. Às vezes também bebo devagar demais e outras vezes de um trago.
Por isso gostei do Sideways. Gosto de filmes que simplificam (pelo menos aparentemente) o que eu não percebo.
Nomes de vinhos em catadupa, conversas sobre degustação, espessura, vinhos que são raridades e se guardam para a ocasião especial que nunca vem (ou que chega num restaurante de junk food e copos de papel), vinhos que não são nada de especial e que só podem ser provados e regurgitados .
Também se fala de homens, homens que bebem devagar e homens que bebem de um trago.
Misóginos e com a sensibilidade à flor da pele, hábeis conversadores e “social misfits”, à procura da fuga e à procura da solução, falhados aos olhos de todos ou só aos próprios olhos.
Causou-me uma óptima impressão. Bebi vinho a seguir mas não soube avaliar a espessura, detectar aromas frutados, nem sei se gostei, pelo menos não no sentido em que podem gostar os entendidos.
No fim não soube dissertar como uma entendida.
Os filmes não ensinam grande coisa. Só deixam boas ou más impressões e, quando são muito bons, vontade de aprender qualquer coisa.
O Paul Giamatti e o Thomas Haden Church funcionam mesmo muito bem em conjunto. Não há muito melhor que se possa querer para um road movie misto de buddie movie.
Das cenas de nudez entre o grotesco e o simplesmente assustador, aos diálogos em que se chora e se ri ao mesmo tempo, ao fim em aberto, é simplesmente soberbo.
Esperado e justificado o Óscar para melhor argumento. Talvez mais se justificasse.
It made an impression on me.