segunda-feira, março 07, 2005

Arrufos

Os fins de namoro têm daquelas coisas memoráveis.
A devolução do "espólio" é uma delas.
O ritual da devolução das fotografias, que compreendem as da mesa-de-cabeceira, as solitárias, as de grupo, as a dois, em que estas são arremessadas, enviadas por correio, atiradas pela janela, é uma esforçada mas vã e infantil tentativa de romper com o passado.
Mas também as relações políticas, mesmo as mais sólidas, têm o seu fim e, a caminho da ruptura, os seus arrufos.
Eis que a fotografia do Prof. Freitas do Amaral é enviada do Largo do Caldas para o Largo do Rato, num arrufo digno desse nome.
Pois é, o namoro chegou ao fim...mas a crónica desta morte anunciada já se vinha escrevendo há algum tempo.
A progressiva viragem à esquerda, o “growing apart” , traduzido nas posições públicas do Prof. Freitas do Amaral (quer contra a guerra do Iraque, quer a favor de uma maioria PS) já faziam prever o que aconteceu.
O que nada fazia prever era esta atitude tão ao jeito de “arrufo de namorados”.
Comparação singela e talvez simplista mas, neste caso e por isso mesmo, verdadeira.
Esperava-se mais adequado comportamento.