Segurança Rodoviária
A segurança rodoviária é, de facto, uma questão delicada, que merece ser debatida diariamente, tendo em vista reduzir o número alarmante de sinistros que ocorrem nas nossas estradas. É, porventura, uma das poucas questões em que há largo consenso político e social - o que, nos dias que correm, é pouco habitual, senão mesmo raríssimo...
Todavia, embora a situação actual seja miserável, não podemos, ainda, justificar os meios com o (nobre) fim que perseguimos. Assim não entendeu um ilustre psicanalista que, ao melhor estilo de Maquievel, teorizou sobre a influência das cores dos carros no elevado número de sinistros ocorridos. Afirmava este senhor que, no âmbito da deficiente visibilidade nas estradas (uma das principais causas de acidentes), um carro de côr viva - por exemplo, encarnado - seria preferível a um carro de côr sóbria - como o preto -, já que seria facilmente identificável pelos outros condutores. Como não há bela sem senão, defendia, porém, que o estilo de condução dos propritários de veículos de cores vivas era bem mais arrojado do que o estilo dos propriétarios de veículos de cores sóbrias, já que estes, em regra, seriam pessoas mais velhas, mais maduras, mais experientes.
É, de facto, inacreditável o (precioso) tempo que eles perdem ao escrever, e nós ao ler e tentar interpretar estas "pérolas"...
O mesmo raciocínio aplica-se mutatis mutandis, à música. Um condutor que ouça, enquanto conduz, música "punk", tem necessariamente uma condução mais perigosa do que aquele que ouve, por exemplo, Schubert. No entanto, aquele que ouve música "punk" tem menos probabilidades de adormecer ao volante do que aquele que ouve Schubert.
Se a douta teoria tiver um mínimo de fundamento, os taxistas, cujos automóveis têm cores sóbrias e ouvem sempre a Rádio Renascença, têm menos probabilidades de ter acidentes do que aqueles que possuem automóveis de cores mais vivas e ouvem, no mínimo, a Rádio Comercial.
Manifeste-se, pois, a indústria automóvel.
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