segunda-feira, dezembro 26, 2005

Matei:

1. as Saudades
2. o Fígado
3. as Poupanças

Volto depois do luto...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Dúvida

INF,
Será que o "it" que falavas se encontra aqui?

quarta-feira, dezembro 14, 2005

O que é que o Bill tem?


"You're likely to have real trouble suspending disbelief since the movie's central premise is that Murray's character, Don Johnston, is a Don Juan-type of individual who has slept with so many different women that he has trouble recalling them all. I ask you women. How often you have been inclined to have a fling with a man who barely speaks or even acknowledges your presence -- one who idles away all of his time staring off into space?"
[Steve Rhodes, internet reviews].
Broken Flowers não é o tipo de filme que possa reunir consensos. Nem poderia. É um road movie algo frustrante, sem paisagens especialmente apelativas, sem descobertas interiores, sem nenhuma mudança visível no ânimo da personagem principal quando chega ao fim. Não é um road movie, portanto. Há uma viagem (de carro e de avião), uma ideia de um sítio onde se quer chegar, mas, aparentemente, nenhuma conclusão a retirar. Quando a viagem chega ao fim o filme termina exactamente onde começou. E depois há a perspectiva. Masculina, essencialmente. Fetiches ao molho. Estão lá todinhos. Desde a provocadora quase de fraldas, às lésbicas, às hospedeiras, enfim, you name it. Tudo compactado para afagar a meia idade pensativa de um Don Juan em fim de carreira. Somado dá um anti-road movie sobre um solteirão de meia idade que termina o passeio pela sua extensa lista de casos amorosos exactamente de onde partiu.
Os débitos. Faltam os créditos.
A provocadora de fraldas, um fetiche tão perfeito que até faz impressão; nem o Nabokov conseguiria escolher uma lolita tão perfeita, porque óbvia, quase caricatura dela mesma. Sharon Stone, Jessica Lange, Tilda Swinton, irrepreensíveis; o gato Ramon; o Winston, os fatos de treino inenarráveis do Bill Murray; a música etíope do Mulatu Astatke (belíssima), dos BrianJonestown Massacre, e, claro, Bill.
Bill Murray, que não representa, paira. Paira. Senta-se em cima da cama em Lost Translation, olha o vazio e pensa. Senta-se no sofá (enquanto ouve Mulatu Astatke), olha o vazio e pensa. Ninguém olha o vazio e pensa como Bill Murray. E ele sabe disso. E Jarmush também. Encontrada a fórmula, capitaliza-se. O que é que o caça fantasmas tem, afinal? Tem o it. O it, o indefínivel que Bowfinger explicava aos colaboradores de realização no filme com o mesmo nome fazer com que ninguém ouse desviar os olhos do écran. Não é bonito, longe disso. Não é o De Niro, longe disso. Nunca seria capaz dizer “Are you talking to me?” ao espelho de forma convincente. É o it. De outra maneira seria impossível fazer crer, ainda que numa peça de ficção, que a Scarlett Johanson ou a Sharon Stone quisessem dormir com ele. O it dele é uma mistura de “basket case” com caso perdido e indomável. Resultado mais comum desta combinação: espécime masculino irresistível.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Justiça Restaurativa

Caro Henrique,

Concordo plenamente com a resposta óbvia:
"-Sim, devemos ser contra qualquer pena de morte…"
Mas estou muito longe de concordar com a prisão perpétua.

Há uma coisa que está na moda chamada Justiça Restaurativa que defende que a Justiça Criminal ao invés de se centrar no agente e na ofensa provocada à sociedade (?) deve reencontrar-se com a Vítima. O modelo retributivo que existe há centenas de anos está caduco, não faz sentido e não promove convenientemente o que deviam ser os dois grandes objectivos de qualquer política criminal, a saber:
1- A restauração do dano provocado na Vítima (e não na sociedade).
2- A reabilitação do Ofensor.
O dano pode-se manifestar tanto ao nível físico, patrimonial e até mesmo psicológico. Assim a restauração desse dano deve comportar essas três dimensões.
A nível físico, quando exista lesão, devem ser as despesas médicas custeadas pelo ofensor e no caso de dano permanente ser essa lesão indemnizada. O mesmo se dirá a nível patrimonial. Quanto ao dano psicológico, para além dos possíveis custos médicos um outro processo deve ser desencadeado, um processo de perdão. O perdão é expurgatório, diversos estudos já demonstraram que só através do perdão pode a Vítima vencer o ressentimento e a ira despoletados pela ofensa do agente. Não vou estender este argumento, mas aconselho a leitura de 'The role and function of forgiveness in the Psychotherapeutic Process' de J.P. Pingleton e 'The function of forgiveness in the criminal justice system' de John Gehm, só para citar alguns interessantes estudos nessa área.

Voltando à questão do aprisionamento, muitos sugerem que a prisão é uma verdadeira “universidade do crime”. Todos sabemos que a prisão de reabilitativa tem pouco. Sucede que a nossa Justiça criminal tem duas grandes funções, a função preventiva e a retributiva, i.e. o agente vai para a prisão para que não volte a praticar o crime e para que o exemplo da sua prisão demova potenciais criminosos de praticarem esse ou outros crimes (função preventiva) e, o agente vai para a prisão porque deve ser castigado pelo que fez, na mesma medida da gravidade do facto praticado (função retributiva).
Onde é que está a Vítima nestas duas funções? Em lado nenhum (pelo menos directamente).

A Vítima caso pretenda alguma compensação (patrimonial) pelo dano deve seguir o procedimento civil e não o penal (mesmo que estes sejam, por razões de economia processual, julgados simultaneamente pelo mesmo tribunal, os princípios envolvidos são completamente diferentes).

No caso da Justiça Restaurativa os métodos utilizados são logo à partida diferentes; a Vítima é colocada em primeiro lugar. Usando por exemplo a mediação ou conferências de interessados (tradução muito simplista, mas enfim), o Ofensor é confrontado com a Vítima que não só descreve as consequências do crime mas também ouve as razões e justificações que levaram à prática do mesmo. Estes procedimentos são complexos, dependem da vontade da Vítima e do Agente prevaricador, mais importante, dependem (muitas vezes) da assumpção da ofensa pelo Agente e do tipo de crime praticado. Mas em última análise criam as condições necessárias para que o Agente se penitencie pelo acto praticado e para que a Vítima seja capaz de perdoar e assim sarar a “narcissistic wound” criada pelo dano psicológico.

Mas o perdão não extingue o dano provocado (mesmo que os Canberra Reintegrative Shaming Experiments [RISE] tenham concluído que a Vítima na maior das vezes – 83% - dava mais importância ao pedido de desculpas do que à compensação monetária), como disse a restauração do dano compreende outros 2 níveis, que normalmente serão compensados a nível patrimonial. Aqui entra a alternativa ao aprisionamento. Para este tipo de Justiça Criminal o aprisionamento deve ser um último reduto (para muitos até completamente afastado), uma vez que é possível cumprir as funções restaurativas e reabilitativas sem que com isso signifique uma perda da liberdade pessoal, mais que não seja em alguns tipos de crime.

E se o Agente não tiver meios para compensar o dano provocado o que é que acontece? Uma hipótese no mínimo interessante surgiu para responder a esta questão. Há quem defenda que as prisões deveriam ser centros de trabalho, onde o ofensor suportaria os custos do seu encarceramento com o fruto do seu trabalho, de onde seria também retirada uma quota-parte para pagar à Vítima o estipulado (pelo Tribunal, mediação etc) e o remanescente transferido para um fundo que serviria para um recomeço de vida. Estes centros de emprego teriam níveis de segurança diferentes conforme a perigosidade do agente, mais: casos haveriam em que o agente poderia mesmo dormir em casa e fazer da “prisão” o seu emprego. (com esta alternativa às prisões "normais" o bolso do contribuinte seria aliviado do peso de sustentar milhares)

Este sistema poderia ainda levar à criação de seguros de crimes, que pagariam “à cabeça” o estipulado como compensação e receberiam os pagamentos faseados da vítima, dessa forma garantindo à vítima o pagamento em tempo útil. Seguradoras que, devidamente autorizadas e fiscalizadas pelo Estado, poderiam até criar centros de trabalho onde garantiriam a devolução do seu investimento.

A Justiça Restaurativa não se esgota nesta exposição simplista, no entanto esta visão (que pode criar complicações mesmo ao nível de Direitos Humanos, uma vez que estes proíbem o trabalho prisional) é uma alternativa ao sistema caduco e ineficiente que temos e muito mais coincidente com o caminho que Jesus Cristo defendeu (e não Henrique, Jesus não nos pediu para encontrarmos a fórmula, Jesus deu-a: “Dá a outra face”, i.e. ama o teu inimigo, perdoa e segue em frente).

Em suma concordo em absoluto com aqueles que condenam a pena de morte, sucede que vou mais longe, uma vez que não concordo com o aprisionamento como ele existe (quanto mais perpétuo) e condeno um sistema que faz do ofensor um inimigo público e usa a ofensa e a vítima como um pretexto de exercício de autoridade e de exemplo para os demais. O que defendo é uma Justiça Criminal que deixe de tratar a Vítima como uma vulgar testemunha e lhe dê o protagonismo e protecção necessários, mesmo que isso signifique voltar a confrontá-la com o ofensor.
Mas percebo o que diz, comparada com a pena de morte até a prisão perpétua parece boa, mas convém não esquecer o que ela verdadeiramente representa: um mal menor.
Um abraço.

Alta velocidade

Confesso que tenho muito pouca informação directa nesta matéria, não sou engenheiro nem tão-pouco tive acesso aos estudos de viabilidade económica do nosso futuro TGV (estas iniciais lembram-me sempre o shot destruidor que bebi com 16 anos, mas enfim, adiante).
O facto do TGV custar 14 milhões por km ou 40 como muitos defendem, a mim diz-me pouco. O controlo orçamental nunca foi uma praça-forte portuguesa, por isso mesmo que os custos se cifrem em 14 milhões o km há sempre um Tuga para acrescentar um ou outro tostão que depois se traduz em um ou outro milhão... não custa nada quem paga é contribuinte. Mas pensemos bem nisto: 14 milhões por km. Digamos que neste km estão incluídos ambos os carris, o de "ida" e o de "volta" (co-a-breca, só de pensarmos no assunto já descobrimos uma maneira do governo duplicar os custos sem se retratar), o TVG vai ter no mínimo 700 km, ora noves-fora-nada são nada mais nada menos que € 9.800.000.000,00. Assim de repente 300 euromilhões. Ou mais elucidativo ainda: 1.964.723.600.000$00 (quase dois mil milhões de contos). Nestes números "grandes" o escudo ajuda a pôr tudo em perspectiva.
A verdade é que o TGV já não é novo e há muito tempo que deixou de ser a opção mais rápida.
Se é para sonhar alto, mais vale flutuarmos e irmos para uma coisinha destas!

Coisas do Baú*

"Primeiro, foi o regresso da electro-pop, depois, tudo o resto: a maquilhagem exagerada, a franja nas meninas, as meias de rede, as Converse All-Star, os programas do Júlio Isidro. Agora querem que o Soares e o Cavaco concorram a eleições. Não acham que todo este revivalismo "eighties" está a ir longe demais? FMS" in nQdI 17.05.03
Francisco, tinhas razão, é revivalismo "eighties" a mais!! Já que te dás bem em prognósticos com mais de dois anos de antecedência, não me queres dizer a chave do Euromilhões de Maio de 2008, daqui até lá aguento-me.
Antes que me perguntem o que é que me deu para ir aos arquivos do nQdI, pergunto-vos eu, que pretextos não arranjariam para fugir do papão WTO armado até aos dentes com countervailing duties e antidumping mechanisms?
*rubrica fantástica - não a minha, mas a original - escandalosamente roubada daqui.

Nunca digas nunca

Sou daqueles que nunca dá os parabéns a ninguém. A primeiríssima razão é o esquecimento (não fora ter uma irmã gémea e talvez me esquecesse do meu dia de anos), a segunda é o profundo desinteresse por datas de aniversário seja do que for.
Mas desta vez quero dar os parabéns ao Bart Simpson e ao seu (em co-)Propriedade Privada.
Já não era sem tempo que eu descobria de onde é que V. Exa. postava!!
(Confesso que tive uma pequena ajuda daqui, onde até os comentários se aproveitam!)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Ainda sobre Q.I.s

“Any woman whose I.Q. hovers above her body temperature must be a feminist"
Rita Mae Brown

sábado, dezembro 10, 2005

Então é isso!

É que eu, se semicerrar os olhos numa medida especial qualquer, também dou por mim a ver fios de nylon… O meu sincero obrigado ao - excelente - ‘o Boato’ por ter, com uma só frase, afastado os meus medos de padecer de esquizofrenia alucinatória.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Portugal vs. Oil Producers

Pois é.
Portugal vai defrontar Angola, o Irão e o México no Mundial de Futebol a decorrer na Alemanha em Junho próximo. Três dos vinte maiores produtores de petróleo do mundo em 2004, representando nada mais nada menos que 8.6 milhões de barris por dia, 10% da produção mundial (uma conta em cima do joelho mas enfim).
A julgar pelo meu tio Albertino aqui ao lado, Portugal vai precisar no mínimo desse número de barris, entenda-se de cerveja e não petróleo, para consumo interno durante o próximo mês de Junho!
(o meu medo agora é a maradice do senhor [com letra pequena]presidente Mahmoud Ahmadinejad e o seu programa nuclear para fins recreativos... por isso o melhor, caro amigo LTN, é fazermos menos anedotas do dia!!)

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Sexomnia

C'mon fellow bloggers, write something

domingo, dezembro 04, 2005

Mal entendido

Parece que houve um mal entendido.
O título do meu anterior post não era para ser levado a sério. Não me digam que também acharam que eu estava ocupado a conquistar o mundo?!
Caso os meus fellow bloggers não saibam o advento não tem nada a ver com o ramadão, podem comer bolachas, beber "bojecas" e - maradice das maradices - escrever posts.
Vejam lá se recomeçam as hostilidades que isto anda muito parado.
Saúdinha.